Estado Letal

Todos os meses as forças policiais são responsáveis por, em média, três chacinas na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Nos últimos sete anos, 1.137 pessoas foram mortas em chacinas policiais no Grande Rio. Conheça essas histórias e navegue pelos dados para entender porque o Estado é letal.

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* Dados mapeados entre agosto de 2016 e julho de 2023.

O bairro é Caju

A menos de 2 km do ponto selecionado por você aconteceu a seguinte chacina policial: Complexo do Caju, em 25/11/2017, quando 7 pessoas foram mortas.

Mapa mostrando a localização da chacina do Complexo do Caju

Uma chacina policial é quando três ou mais civis são mortos durante uma ação das forças policiais.

Desde 2016, aconteceram 283 chacinas policiais no Grande Rio que deixaram 1.137 mortos. O Batalhão de Operações Policiais (BOPE) esteve envolvido em ao menos 34 destas ocorrências que resultaram em 207 mortes.

Isso faz do BOPE a unidade especializada mais letal em chacinas policiais.

Entre essas chacinas policiais, 18 aconteceram depois que um policial foi morto ou ferido.

Essas chacinas são chamadas de Operações Vingança.

Uma Operação Vingança é, em média, 71% mais letal que uma chacina policial regular.

A chacina policial mais letal do Grande Rio foi uma Operação Vingança. Ela aconteceu em 2021 no Jacarezinho, Zona Norte da capital.

Foram mais de 10 horas de tiroteio, 18 escolas foram fechadas e 27 civis foram mortos em um único dia.

As chacinas são uma política de segurança pública?

Navegue pelos dados.

Jacarezinho  •  2021 27 mortos

A maior chacina da história do RJ

A chacina policial ocorrida no Jacarezinho em 2021 é a maior da história do Rio de Janeiro. 27 pessoas foram mortas após a morte do policial civil André Frias, em uma ação que durou mais de 10 horas com intenso tiroteio. Meses depois, policiais foram acusados de forjar uma execução, de mentir sobre mortes e fraudar provas.

27
mortos

As forças de segurança cruzaram a Avenida Dom Hélder Câmara, saindo da Cidade da Polícia, em direção à favela onde vivem 40 mil pessoas, para realizar uma operação contra grupos criminosos. Amanhecia quando o policial foi atingido na entrada da favela. Por que a polícia não recuou depois disso, como recomendam os melhores protocolos?

Balas
perdidas

Durante a ação policial, a circulação do metrô foi interrompida, uma Clínica da Família e postos de vacinação contra a covid-19 foram fechados. Mais de 2.000 estudantes não tiveram aula. Três pessoas foram vítimas de balas perdidas: duas no metrô e uma em casa.

Saiba mais

pernas de um soldado
um olho com o reflexo das pernas de um soldado na pupila
fuzil
fuzil fuzil
um olho com o reflexo das pernas de um soldado na pupila

O que é

Operação
vingança

Todos os meses, acontecem, em média, três chacinas policiais na região metropolitana do Rio de Janeiro. A letalidade é política de Estado!

Algumas dessas chacinas são mais letais: as Operações Vingança. Elas acontecem geralmente depois que um agente de segurança é baleado. O Fogo Cruzado mapeou ao menos 18 chacinas que podem ser caracterizadas como Operações Vingança nos últimos sete anos. Elas deixaram 117 mortos no Grande Rio desde 2016.

Não é simples mapear uma operação vingança, porque nem sempre elas acontecem imediatamente depois que o agente de segurança é atingido. Com muita frequência os nomes das pessoas baleadas não são divulgados. Os dados e histórias que apresentamos aqui são, portanto, um recorte de uma realidade mais ampla e difícil de ser mapeada. Há diversos casos de chacinas policiais com indícios de Operações Vingança, como uma chacina ocorrida no Jacarezinho em janeiro de 2018. Duas semanas antes, o corpo de um policial foi encontrado em um carro nas proximidades da favela. Nos dias seguintes, aconteceram sucessivas operações policiais na localidade, até que três pessoas foram mortas no mesmo dia.

Vila do Pinheiro  •  2018 7 mortos

A caminho da escola

Uma das imagens mais conhecidas da camiseta da rede pública de ensino do Rio de Janeiro é símbolo da dor de uma mãe. Marcos Vinícius, 14 anos, estava a caminho da escola quando foi vítima de uma chacina policial em 2018. Desde então, sua mãe, Bruna Silva, leva consigo a camiseta manchada do filho. Marcos é um dos quase 300 meninos e meninas de até 18 anos baleadas durante operações policiais no Rio desde 2016.

Ele não viu que eu estava com roupa de escola, mãe?”

perguntou Marcos à mãe depois de baleado. Naquele dia, sete pessoas foram mortas no Complexo da Maré. Os corpos chegaram ao hospital federal de Bonsucesso sem identificação. Os nomes jamais foram divulgados.

À procura
de suspeitos

A operação policial que acabou na morte de Marcos aconteceu depois que o inspetor Ellery de Ramos Lemos foi morto em Acari. A polícia civil informou que foi à Maré procurar suspeitos envolvidos no assassinato.

A Intervenção Federal na segurança pública do Rio de Janeiro tinha pouco mais de quatro meses quando o caso aconteceu. Dois blindados do Exército foram usados pela polícia civil para entrar na favela. Um helicóptero deu cobertura.

Saiba mais

helicóptero com luzes menino correndo e chorando veículo blindado da polícia
veículo blindado da polícia
mulher chora em meio a balas

Por que

A violência
é desigual?

As chacinas policiais acontecem em toda a região metropolitana. Mas não da mesma maneira. Na Zona Sul da capital, foram registradas apenas 9 chacinas, 4 delas na favela da Rocinha. Já na Zona Norte, são 73 casos que deixaram 373 pessoas mortas.

O Complexo do Salgueiro, conjunto de favelas em São Gonçalo, foi a localidade com mais chacinas registradas. Apenas lá, são 14 chacinas policiais que resultaram em 66 mortes. Para que se tenha dimensão do que acontece no Salgueiro, as outras quatro localidades com mais chacinas são: Complexo da Maré (10 ocorrências, 51 mortos), Complexo da Penha (8 ocorrências, 55 mortos), Cidade de Deus (8 ocorrências, 27 mortos) e Vila Kennedy (8 chacinas, 26 mortos).

Como a política de segurança focada na letalidade seleciona seus alvos?

Roseiral  •  2018 3 mortos

A Estreia da PRF

O Parque Roseiral, em Belford Roxo, Baixada Fluminense, foi cenário de um marco na história das chacinas policiais no Rio de Janeiro. Foi lá, sob o escudo da Operação Égide, que a Polícia Rodoviária Federal participou pela primeira vez desde 2016 de uma ação que terminou em chacina.

Nada é
recuperado

Com esta chacina abre-se um precedente fatal: com a justificativa de reprimir o roubo de carga, a PRF passou a fazer incursões em favelas do RJ participando de operações com outras polícias. No Parque Roseiral morreram três pessoas que nunca foram identificadas. Nenhuma carga roubada foi recuperada.

10 operações
71 mortos

A chacina do Parque Roseiral aconteceu depois da morte do cabo da polícia militar Rafael dos Santos Castro, em São João de Meiriti. De lá pra cá, foram 10 operações envolvendo a PRF que terminaram em chacinas. Elas deixaram 71 mortos.

Saiba mais

dois soldados
duas pipas
policial com dois cachorros dentro de uma casa

Infográfico

Chacinas policiais do Grande Rio

Quem somos

Fogo Cruzado

Sem informação é impossível fazer política de segurança pública com eficiência. O Fogo Cruzado produz dados em 4 regiões metropolitanas, 57 municípios e é responsável pelo maior banco de dados sobre violência armada da América Latina.

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Operações Vingança

Conheça
outras histórias

O bairro é %%BAIRRO%%.

A menos de %%DISTANCIA%% do ponto selecionado por você aconteceu a seguinte chacina policial: %%CHACINA%%, em %%DATA%%, quando %%MORTOS%% pessoas foram mortas.