Vascaíno, pai amoroso, profissional dedicado, carioca da gema. O sargento José Felipe do Nascimento Fagundes, de 36 anos, entrou em 2009 na Polícia Militar do Rio de Janeiro. Sua esposa, que não será identificada, diz que ele era apaixonado pelo trabalho.

“Era um policial super dedicado, sempre foi o sonho dele.”

No dia 4 de abril de 2023, ele e outros agentes foram alvos de um ataque durante o reconhecimento de uma trilha numa área de mata na região de Santo André, no Rio da Prata, em Bangu. A suspeita era de que a trilha era usada por traficantes da área.

Houve tiroteio entre os policiais e um grupo armado. Felipe foi atingido por um tiro. Chegou a ser socorrido ao hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas não resistiu.

“Em alguns momentos o Felipe se sentia ‘preso’, por não poder trabalhar da maneira correta. Ele reclamava demais sobre isso, mas nunca cogitou a hipótese de sair da corporação. Além de ser mal remunerado, os praças não podiam atuar corretamente nas ruas. Era sempre sob pressão do governo, que pressionava eles para agir na intenção de mostrar serviço pra mídia. Mas a realidade era outra. Sempre que eles agiam da forma correta, eram punidos”, diz a esposa de José Felipe.

PM José Felipe do Nascimento tinha 36 anos e deixou um filho (Reprodução)

Três pessoas foram mortas dentro de um carro em Bangu, e veículo foi fuzilado.

“O Felipe amava o 14° BPM, acreditava que poderia mudar a área local dele. Mas acabou sendo mais um número”, conclui a mulher.

José Felipe do Nascimento Fagundes deixou esposa e dois filhos, de 17 e 9 anos.

A resposta à morte do sargento levou alguns dias, mas chegou. No dia 18 de abril, três pessoas foram mortas durante um confronto com a Polícia Militar no Rio da Prata, em Bangu. A PM disse à época que agentes do 14° BPM (Bangu), o mesmo do sargento, avistaram um grupo circulando com fuzil para o lado de fora da janela do carro. Houve uma tentativa de abordagem, mas os suspeitos, de acordo com a PM, atiraram contra os policiais, que reagiram.

A Polícia Militar jamais divulgou os nomes das pessoas mortas no dia 18 de abril.