Tínhamos informação privilegiada e foi feita a incursão, sempre com toda cautela para as pessoas que residem no local. Houve um confronto provocado pelos marginais que resistiram à prisão”
disse na ocasião o então porta-voz da PM, major Mauro Fliess
Um apelido conhecido na cidade inteira e um aposto quase obrigatório nos jornais: Fernandinho Guarabu, o traficante mais procurado do estado.
Na manhã do dia 27 de junho de 2019, quem ligou a televisão no telejornal da manhã sentiu o impacto: um dos traficantes mais longevos do Rio de Janeiro havia sido morto durante uma operação realizada por policiais militares no morro do Dendê, na Ilha do Governador.
O primeiro registro de tiros foi às 5h35, horário em que parte dos moradores sai para trabalhar e estudar. Estima-se que o morro do Dendê tenha aproximadamente 70 mil habitantes.
Fernando Gomes Freitas, segundo a Justiça, era um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP). Investigações apontam que, àquela altura, Guarabu acumulava mais de 15 anos de liderança no morro do Dendê, e 14 mandados de prisão expedidos.
Fernandinho Guarabu era o traficante mais procurado do Rio de Janeiro (Reprodução)
Freire, major da PM, foi morto quando investigava a localização da Guarabu (Reprodução)
Sua principal característica era não estimular conflitos com outras facções e evitar chamar para si a atenção da polícia, usando de propina, sempre que possível, para deixar PMs longe da favela.
Naquele dia não deu para deixá-los longe. Num carro morreram Guarabu e dois braços direitos: Gilberto Coelho de Oliveira, o Gil, e Antônio Eugênio, o Batoré, um ex-policial militar. Outros dois suspeitos, identificados como Piu e Logan, também morreram. A chacina para pôr fim à liderança de Guarabu terminou com cinco mortos.
Na época da morte, a polícia disse que tinha informações privilegiadas do caminho de Guarabu.
disse na ocasião o então porta-voz da PM, major Mauro Fliess
Você pode se perguntar: de onde saiu a pressa para capturar alguém que por tanto tempo dominou um território? Começou sete meses antes, em novembro de 2018. Alan de Luna Freire, 40 anos, major da Polícia Militar, foi executado em Nova Iguaçu dentro de seu carro particular.
Freire era lotado no 17° BPM, na Ilha do Governador e comandava operações que buscavam encontrar Guarabu. O major chegou a instalar uma câmera para monitorar as atividades de Guarabu dentro do QG, no Dendê.
Amigos de farda dizem que ele começou a ser ameaçado por Batoré, um dos homens de confiança do traficante líder, até que um grupo encapuzado emparelhou o veículo onde o major estava e dispararam diversas vezes. A morte de Freire selou o futuro de Guarabu.